Expondo todos meus Tikis
Claro que um ímpeto de explicar sobre a cultura Tiki em poucas palavras surge de dentro de meu coração! Revelar esta fixação por decoração tropical kitsch ultra lounge e refrescante nunca foi problema, exceto talvez por minha mulher que tem que ouvir os discursos e explicações repetidas vezes.
Não que eu esteja ficando velho ou senil, é o pacote do relacionamento mesmo: Conversamos diariamente com diversas pessoas, mas justo aquele alguém mais próximo de você é obrigado a ouvir seu repeteco infinitas vezes. No fundo funciona como uma prévia do que estar por vir, afinal não estamos ficando mais jovens, portanto a divagação e a repetição cedo ou tarde baterão a nossa porta. Acho que perdi o assunto original do parágrafo anterior, não? Deve ser a idade.
Enfim, minhas pesquisas me tornaram um dos maiores conhecedores e especialistas locais num assunto que não interessa, pois ninguém sabe nada sobre o assunto. PODE até não interessar, mas vou mostrar o quanto pode ser interessante. Podendo talvez assim sair deste estranho mantra de palavras:
A volta ao paraíso
Desde a corrida do ouro a Califórnia fora considerada o paraíso na terra das oportunidades. Um incrível lugar ensolarado no qual palmeiras cresciam incessantemente desde que a primeira fora transplantada para a região.
Esta fascinação contagiante ditava os sonhos da América: tanto pelo lugar quanto pela companhia, um lugar mítico e inalcançável para a maioria dos mortais.
Acho que desde nossa bíblica expulsão o âmago do homem moderno tenta de alguma forma retornar ao paraíso perdido.
Na Califórnia dos anos 50 este escapismo era ambientado em uma exuberante flora tropical que emulava este oásis. Um bote salva-vidas das pressões do mundo moderno, celebrando no próprio continente a cultura do estado americano mais distante: O Havaí, anexado meio século antes.
A cultura polinésia, deliciosamente kitch, se propagava pela Califórnia que conseqüentemente infectava todo o resto do país com seus totens de madeira e drinques furta-cores.
Apesar da prosperidade econômica do pós-guerra, os Estados Unidos vivia mergulhado em um puritanismo linha dura. Assim, festas ou bares Tiki serviam como uma forma do selvagem suburbano fugir de todo tradicionalismo que o cercava. Tudo era uma grande desculpa para se ver uma garota de topless vestida de havaiana e argumentar certa antropologia amadora. Um gosto pelo exótico para fins educacionais. Uma desculpa Discovery Channel.
Há diferentes fontes e origens para o significado do nome Tiki
Em 2001 fiz uma Tiki Tour entre Los Angeles e San Francisco, com dicas de visita escritas por um dos Papas no assunto, o editor/criador da revista Tiki News, Otto Von Stroheim.
Curiosos me perguntavam em minha peregrinação se visitar o Havaí não teria mais lógica. A resposta era simples:
Estava em busca da verdadeira farsa, do puro plástico imitando madeira com plantas artificiais. Qual a relação entre cabeças da Ilha de Páscoa e totens havaianos? É exótico? É Tiki! Simples assim.
O Lava Lounge, Bamboo Hut, Bigfoot Lodge, Tonga Room foram alguns dos estabelecimentos meticulosamente inspecionados, sem contar caças ao tesouro buscando por canecas, totens e memorabilia.
O misticismo na história dos bares é sensacional, uma delas elevou a patente do Rum na escala de status das bebidas. Uísque e a Vodka eram as grandes vedetes enquanto o Rum era somente um drinque barato. Até começarem a associá-lo como o trago dos valentes piratas e criarem milhões de coquetéis exóticos, disputados pelos proprietários de bares como segredos militares.
Os rótulos das garrafas, assim como dos ingredientes era arrancado e substituído por letras e números. Se um barman fosse roubado para outro
bar somente poderia dar uma receita inútil para concorrência. Nomes famosos como o
Veja que não escrevo mais no passado, aparvalhei um grupo de brasileiros ao fazê-los beber em um lava bowl comigo. Em experimentos recentes iniciamos alguns grupos de pessoas com 4 edições da festa A Caverna dos Tikis Perdidos, uma estravaganza temática muito bem sucedida
Se você tiver maior apreciação por livros, procure pelo Book of Tiki da Tashen, bibliografia básica, mas super completa.
Aloha a todos e bom safári!
Coronel Von Lehmann
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