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21.11.06

Expondo todos meus Tikis

fotos: Von Lehmann no Tonga Room (SF-CA), minhas canecas, lâmpadas tiki, Von Stroheim e Von Lehmann no pilar do extinto Tiki Bob (SF-CA), entrada do condomínio Kon Tiki (Riviera de São Lourenço - SP) e mini hulla girl (lá em casa mesmo).

Claro que um ímpeto de explicar sobre a cultura Tiki em poucas palavras surge de dentro de meu coração! Revelar esta fixação por decoração tropical kitsch ultra lounge e refrescante nunca foi problema, exceto talvez por minha mulher que tem que ouvir os discursos e explicações repetidas vezes.

Não que eu esteja ficando velho ou senil, é o pacote do relacionamento mesmo: Conversamos diariamente com diversas pessoas, mas justo aquele alguém mais próximo de você é obrigado a ouvir seu repeteco infinitas vezes. No fundo funciona como uma prévia do que estar por vir, afinal não estamos ficando mais jovens, portanto a divagação e a repetição cedo ou tarde baterão a nossa porta. Acho que perdi o assunto original do parágrafo anterior, não? Deve ser a idade.

Enfim, minhas pesquisas me tornaram um dos maiores conhecedores e especialistas locais num assunto que não interessa, pois ninguém sabe nada sobre o assunto. PODE até não interessar, mas vou mostrar o quanto pode ser interessante. Podendo talvez assim sair deste estranho mantra de palavras:

A volta ao paraíso

Desde a corrida do ouro a Califórnia fora considerada o paraíso na terra das oportunidades. Um incrível lugar ensolarado no qual palmeiras cresciam incessantemente desde que a primeira fora transplantada para a região.

Esta fascinação contagiante ditava os sonhos da América: tanto pelo lugar quanto pela companhia, um lugar mítico e inalcançável para a maioria dos mortais.

Acho que desde nossa bíblica expulsão o âmago do homem moderno tenta de alguma forma retornar ao paraíso perdido.

Na Califórnia dos anos 50 este escapismo era ambientado em uma exuberante flora tropical que emulava este oásis. Um bote salva-vidas das pressões do mundo moderno, celebrando no próprio continente a cultura do estado americano mais distante: O Havaí, anexado meio século antes.

A cultura polinésia, deliciosamente kitch, se propagava pela Califórnia que conseqüentemente infectava todo o resto do país com seus totens de madeira e drinques furta-cores.

Apesar da prosperidade econômica do pós-guerra, os Estados Unidos vivia mergulhado em um puritanismo linha dura. Assim, festas ou bares Tiki serviam como uma forma do selvagem suburbano fugir de todo tradicionalismo que o cercava. Tudo era uma grande desculpa para se ver uma garota de topless vestida de havaiana e argumentar certa antropologia amadora. Um gosto pelo exótico para fins educacionais. Uma desculpa Discovery Channel.

Há diferentes fontes e origens para o significado do nome Tiki em sí. Algumas fazem referência aos grandes totens de madeira, que teriam sido assim batizados, outras ao próprio culto de se idolatrar estas imagens. A verdade universal era que nos EUA dos 50/60 tudo que era exótico poderia ser englobado nesta palavra.

Em 2001 fiz uma Tiki Tour entre Los Angeles e San Francisco, com dicas de visita escritas por um dos Papas no assunto, o editor/criador da revista Tiki News, Otto Von Stroheim.

Curiosos me perguntavam em minha peregrinação se visitar o Havaí não teria mais lógica. A resposta era simples:

Estava em busca da verdadeira farsa, do puro plástico imitando madeira com plantas artificiais. Qual a relação entre cabeças da Ilha de Páscoa e totens havaianos? É exótico? É Tiki! Simples assim.

Estes bizarros bares eram tão centrados na Califórnia que foram abertos tardiamente no Havaí. Sim, estava no lugar certo.

O Lava Lounge, Bamboo Hut, Bigfoot Lodge, Tonga Room foram alguns dos estabelecimentos meticulosamente inspecionados, sem contar caças ao tesouro buscando por canecas, totens e memorabilia.

O misticismo na história dos bares é sensacional, uma delas elevou a patente do Rum na escala de status das bebidas. Uísque e a Vodka eram as grandes vedetes enquanto o Rum era somente um drinque barato. Até começarem a associá-lo como o trago dos valentes piratas e criarem milhões de coquetéis exóticos, disputados pelos proprietários de bares como segredos militares.

Os rótulos das garrafas, assim como dos ingredientes era arrancado e substituído por letras e números. Se um barman fosse roubado para outro
bar somente poderia dar uma receita inútil para concorrência. Nomes famosos como o Mai Tai, Zombie, Blue Hawaii foram considerados os carros-chefes da casa, servidos dos modos mais estrambólicos: canecas de plástico ou porcelana com totens misteriosos com guarda-chuvas e misturadores temáticos. O lava bowl, por exemplo, é uma vasilha de cerâmica com um vulcão no meio, que fica aceso enquanto 6 amigos bebericam um drinque de rum avermelhado.

Veja que não escrevo mais no passado, aparvalhei um grupo de brasileiros ao fazê-los beber em um lava bowl comigo. Em experimentos recentes iniciamos alguns grupos de pessoas com 4 edições da festa A Caverna dos Tikis Perdidos, uma estravaganza temática muito bem sucedida em São Paulo. Um universo de seguidores do culto ao Tiki existe atualmente, especialmente na web.

Se você tiver maior apreciação por livros, procure pelo Book of Tiki da Tashen, bibliografia básica, mas super completa.

Aloha a todos e bom safári!

Coronel Von Lehmann

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3.11.06

Full Contact – Volume I



Jogo da memória, qual a função do Papel Contact?

A resposta número 1 nas paradas, sem pestanejar, é a de se encapar cadernos. De fato, dependendo da safra dos leitores, o Contact foi o "plastificador oficial da infância". Carteirinhas, livros, agendas... praticamente o adesivo não tinha limites, pelo menos até começar a perder a cola e acumular sujeira nas bordas.

Esse "final de validade" infelizmente marcou a memória de muitos, depreciando um produto que fora fiel até 2ª ordem, associando-o assim a uma imagem de improvisação.

Os anos passaram e lá está ele, firme e forte em cada papelaria que você vai. Se a sua impressão é de que nada mudou nele, a resposta é meio certa. Com sua cola melhorada, parece que notaram que ninguém tem a obrigação de ser um exímio aplicador de adesivos tornando este antigo conhecido um pouco mais amigável. A cola nos dias de hoje é muito mais maleável, vulcanizando somente depois de 24 horas e aderindo maravilhosamente bem.

Um verdadeiro upgrade do original.

Afinal, que diferença esse papo besta vai fazer na minha vida?

Calma caro gafanhoto, lembre se que até no filme Karate Kid o garoto reformou uma casa inteira até aprender a lutar. O Full Contact também tem sua parte teórica. Assim você sabe que a cola não endurece automaticamente, o que é essencial para se plastificar coisas maiores que um caderno.

Como o quê?

Vejamos alguns exemplos no laboratório de Contact do Mundo Selvagem:

- Paredes - Na cozinha, banheiro ou qualquer área com azulejos a absorção é incrível, com o selo de aprovação do Coronel Von Lehmann que já forrou uma cozinha inteira há anos e não viu maiores deformações (lembrem-se que se tratam de espaços com altas variações de temperatura). Paredes normais de alvenaria são de até mais fácil aplicação, todas ficando com o semi brilho de paredes revestidas de fórmica tão comum nos anos 70.

- Móveis – Racks, Cadeiras, portas de móveis e outros objetos com superfícies razoavelmente retas, como uma geladeira.

IMPORTANTE: A não ser que você entre no nível 10 de aplicação de Contact não procure para a cabeça e siga meu mandamento – Não procurará aplicar em objetos com formas arredondadas que exijam deformar o plástico. É um procedimento ninja ainda muito arriscado.

Hoje vamos iniciar em um nível médio:

A INFERNAL COZINHA DO TEMPLO DE SHAOLIN

A parte mais negra de meu Reino Selvagem foi logo que me mudei de apartamento e vivia em um eterno dilema:

AZULEJOS HORROROSOS - não se pode viver com eles, não se pode arrancá-los. Você mora de aluguel ou não quer investir em uma reforma total na cozinha ou no banheiro, em contrapartida tem azulejos de mau gosto, que não são pelo menos de uma década definida... SÃO FEIOS E NÃO COMBINAM COM NADA, PRONTO, FALEI! Tem gente que não dá bola para isto tudo, mas escrevo agora para os que dão, sinto muito.

Enfim, ainda numa fase de dinheiro e terceirização chamei uma destas empresas que aplicam uma tinta super resistente que pinta os azulejos. GRANDE ERRO, a despeito das variações de temperatura antes citadas, as paredes descascaram ou se encheram de bolhas com o tempo. Frustração total! O chão soltava lascas de tinta por todo apartamento e tive que descasca-lo com uma espátula em um trabalho que tomou 3 dias de minha vida e uma dor lombar de algumas semanas. Nada mal para alguém que pagou caro por um serviço.

Com alguns experimentos prévios escolhi estourar as bolhas de tinta e simplesmente começar a aplicar Contact laranja sobre aquela superfície que me dava raiva só de olhar. Laranja parece radical? Percebi que não, inicialmente havia decidido por uma tinta bege para manter a cozinha neutra, pois achava que poderia influenciar na aparência da comida. Já notaram em festinhas com iluminação multicolorida que ninguém come os salgadinhos embaixo de uma luz azul ou verde? Descobri que isso tem relação com a luz mesmo, brinque com as paredes à vontade sem medo.

Enfim, paciência é a palavra-chave agora, sua tarefa agora é de grandes superfícies e dependendo do tamanho da cozinha deve ser pensada e repensada. Como uma reforma pense que nada é imediato e é cansativo.

Há 2 formas para aplicação do Contact, eu já uso a tradicional “na raça”.

FIGURA " A "

MATERIAL -
Papel Contact, estilete e paciência.

COMO PROCEDER - Aplique a partir do teto descendo em linha reta enquanto se apalpa toda área a ser adesivada, ora voltando um pouco e aplicando novamente quando embola o meio de campo. Ao fim alinhe tudo com um estilete cortando cirurgicamente ao chão.

O Contact se retrai um pouco com o tempo, portanto é recomendável se sobrepor cerca de 2 cm de cada superfície aplicada.

Por outro lado temos outra opção que foi roubada dos aplicadores de insufilme em carros:

FIGURA " B "

MATERIAL -
Detergente, um rodinho, Papel Contact, estilete e um tubo de silicone líquido.

COMO PROCEDER - Umedeça a parede com água e detergente e comece a aplicar o contact calmamente. Com uma superfície lisa qualquer para fazer a função de “rodinho”, assim passando na superfície e tirando todas as bolhas durante a aplicação.

FIGURA " C "

No caso da pia ou outra área úmida é bom se isolar as extremidades com silicone líquido, comprado em tubos de facilima aplicação. O contact tem uma boa adesivagem, mas se não for propriamente isolado da água perderá suas propriedades miraculosas.

Não esqueça que o Contact se retrai um pouco com o tempo, portanto é recomendável se sobrepor cerca de 2 cm de cada superfície aplicada. Se você ignorar este segundo aviso correrá o risco de ter que enfrentar o grande demônio do arrependimento que vive no templo sagrado dentro de todos nós.

Falando nisto, como na arte da guerra tudo é uma questão de paciência e estratégia: Não espere fazer tudo em 10 minutos, planeje as superfícies a serem aplicadas, pense em passos de produção e ao final me convide para o saque da vitória.

KAMPAI!

Coronel Von Lehmann

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