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17.6.07

Aperitivos para os bicões



Quem cresceu no Brasil tem várias informações desconexas sobre nossos amigos emplumados, desde a água que o passarinho não bebe à pergunta do ovo e da galinha. Infelizmente se alguém fez um bolão sem pensar que na pré-história os répteis eram ovíparos com certeza perdeu a aposta no boteco.

Os fatos mais óbvios foram distorcidos já em nossa infância, quando desenhos norte americanos diziam que os pássaros voavam para o sul no inverno. Para quê? Congelar mais rápido? Na verdade eles voam para regiões como a Flórida para se esquentar, mas isso só me foi explicado anos depois.

Viver numa cidade grande não é desculpa para a falta de relação com estes seres voadores, e não estou falando de pombas não. Minha mãe colocou um daqueles bebedouros com flores de plástico na janela de seu apartamento que recebe frequentemente beija-flores (é assim mesmo o plural?) , em pleno 11o andar, terminando assim com vários tabus pessoais, pois nem sabia o limite de altitude desses bichinhos.

Em alguns mega-mercados da capital temos passarinhos vivendo em fusos completamente à parte da mãe natureza, comendo migalhas da praça de alimentação e voando baixo em prateleiras.



Perguntei uma vez a um diretor do Extra sobre essa situação toda, ele deu com os ombros e disse : "Você vai fazer o quê para parar isso?"

Sou totalmente a favor dos pássaros voarem livres, assim como acho obsceno ver poodles de fralda em carrinhos de bebê. Aliás acho perfeitamente saudável você fazer parte da vida de um animal sem controlá-lo como a um filho.

Assim a proposta de hoje é testar a popularidade de sua janela com um alimentador de pássaros. Se tiver falta de tempo, faça como minha mãe e compre um bebedouro. Mas para você que se tornou um fã incomensurável do laboratório de artes e ofícios do Cel. Von Lehmann, oferecemos então o serviço completo.

Antes porém, a verdade do Reino Selvagem sobre os pássaros urbanos:

Ao contrário dos seres alados da roça, os pássaros da cidade já se encontram em um nível avançado de sofisticação. Até porque você, ao receber convidados, normalmente não oferece um refresco em copo de requeijão, certo? Assim criaremos um alimentador utilizando taças de coquetel, mostrando que o estilo de receber bem não se restringe somente aos humanos:

FIGURA " A "

Encontre 2 taças que sejam proporcionalmente diferentes uma da outra. A menor ficará como o andar superior do alimentador, sendo a maior o andar inferior. É importante ressaltar que a base da pequena deverá poder ficar apoiada na parte interna da outra taça, para permitir o encaixe das duas peças.

FIGURA " B "

Cole a base da taça menor na taça maior com Araldite 24 horas, que seca mais lentamente, com mais força e faz menos meleca.

FIGURA " C "

Utilize uma linha de pesca para pendurar a taça superior onde quiser. Dependendo do local, pode-se usar uma ventosa com gancho (no caso de um vidro de janela), um pendurador de samambaia (no caso de uma parede) ou o próprio fio (no caso de uma árvore). É só encher o alimentador de alpiste e a festa está pronta.

Analise que cada caso gera uma diferente solução. Minha janela esta acima de uma garagem descoberta de carros. Optei então por taças de plástico para evitar algum acidente de queda em caso de tempestade, por exemplo. Assim planejado só resta espaço para a diversão.

Só não exija que suas visitas tragam uma garrafa de vinho. Mas ao menos irão voando te visitar.

Vale a pena!

Coronel Von Lehmann

 

1.6.07

Hit Parede



Quantos tipos diferentes de mídias já passaram pela sua frente? Desde minha infância gravadores de rolo, cartuchos de game, LPs, fitas cassete, discos flexíveis, vídeo cassete, discos rígidos de 3 e 1/4 , vídeos laser, zip e jazz drives, CDs, DVDs, minidiscs, MP3s, MP4s, MP5s, MP6s…tudo isso é apenas uma lista mental, muito menor que a real quantidade de formatos armazenadores de informação criados nas últimas 3 décadas.


Uma frase me marcou no filme “Peggy Sue” , de Francis Ford Coppola. A personagem principal, vinda de nossa época, voltava no tempo para os anos 50. Em determinado momento tentava explicar como seria a vida meio século adiante - tudo ficaria menor com a evolução da tecnologia, exceto os rádios portáteis, os únicos cada vez maiores.

De fato, existem mega caixas de som para minúsculos Ipods que dão um aspecto muito mais cool para estes chaveirinhos.

Na época dos discos de vinil, capas de papelão tinham mais visibilidade pelo seu tamanho, que eram por muitos utilizada como displays de mesa de centro, exibindo o status de seus estilos musicais. Algumas pessoas ainda adoram esta arte perdida de ornamentação de salas.

Devido à quantidade de LPs produzidos por pelo menos 40 anos, temos uma riquíssima matéria-prima para brincar, como os disquinhos infantis .

Pensando bem, acho que eram tão ou mais divertidos que as historietas que vinham dentro deles, pois tinham cores translúcidas das mais variadas…então picture discs com fotos estampadas e cortes irregulares… Até mesmo os discos regulares tinham elementos divertidos.

No infinito universo de reciclagem das bolachas de vinil, falaremos particularmente de um pequeno grande disco, o EP. Este, que ficou mais conhecido como single na era do CD comportava apenas 1 ou 2 músicas HIT de cada lado, às vezes nem isso, mas não dava para separar o lado A do lado B, se fosse uma banda de somente um hit tínhamos que levar as músicas toscas no mesmo pacote.

Muitos destes discos tinham um buraco gigante no meio e para tocar na vitrola precisavam de uma peça de adaptação. Qual o tamanho do buraco? O ilustrador Fido Nesti te responderia que é a circunferência exata de um plugue de tomada encontrado nas paredes de todo Brasil. Possivelmente...

Sim, nem todos os plugues são iguais, mas 85% das casas tem aquela tomada de plástico leitoso ligeiramente esverdeado com um espelho (a parte que esconde a fiação na parede) no tom cinza clarinho. Acho que a fábrica destes plugues e interruptores teve algum monopólio no Brasil por mais de 20 anos, pois quase não existiam opções neste mercado.

Enfim... Já falei que Fido Nesti percebeu esta magnífica coincidência industrial aonde um disquinho EP encaixava perfeitamente no plugue das tomadas de sua casa. O que ele fez então? O que qualquer pessoa sensata faria - customizou todas as tomadas de sua casa criando espelhos de disco, dando um belo beijo de adeus aos seus tradicionais espelhos cinza e sem graça.

E a pergunta é: quanto vale o show? Muito em satisfação e quase nada em custo ou mão de obra. Há 2 pontos a se pensar:

1 - Estes disquinhos são obsoletos e custam uma mixaria em sebos de discos.

2 - Se você ouve disquinhos e discorda que eles são obsoletos tem sempre um que vai ser musicalmente obsoleto, e este também custa uma mixaria em sebos de discos.

3 - Mesmo se você ouve disquinhos e discorda que eles são obsoletos, tem sempre um que vai ser musicalmente obsoleto, e este também custa uma mixaria em sebos de discos.

Mas mesmo obsoletos, como espelhos de tomada eles ainda são o auge da novidade. E usando pela 1a vez o título deste texto, acrescento que se consagrarão finalmente como um Hit Parede!

São tão fáceis de montar que você vai ser tirado de preguiçoso:

FIGURA " A "

Retire o espelho da tomada com uma chave de fenda.

FIGURA " B "

Nas hastes de suporte da tomada aplique fita dupla-face, uma de cada lado.

FIGURA " C "

Sobreponha o disco na tomada, fixando-o na parede na área com dupla-face.

Não esqueça que existem muitos títulos de discos divertidos que darão ainda mais detalhes a customização do seu lar. O universo do reaproveitamento dos LPs é gigantesco, este é somente um aquecimento para sua criatividade.

Esta dica veio da identidade secreta do decorador Fido Nesti. Sua verdadeira identidade, a de ilustrador, você pode acompanhar o seu trabalho pelo blog, o ilustríssimo.

Cola lá que é legal!

Coronel Von Lehmann

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